quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Beleza como opressora social




Nos últimos anos a indústria da beleza vem crescendo assustadoramente, junto a ela a publicidade e a indústria midiática, as quais cada vez mais impõem de forma apelativa estereótipos de beleza quase inalcançáveis e que não reflete a maioria da população. Isso acaba gerando indivíduos compulsivos por beleza, por alcançar um tipo físico que não lhes pertence e que acarreta em doenças como a anorexia, a bulimia, a vigorexia e a depressão. Há algum tempo essa valorização da estética atingia em sua grande maioria as mulheres, no entanto essa não é a realidade de hoje, pois tanto homens como mulheres buscam de forma radical e a todo custo chegar a essa perfeição, através de academias, centros de estéticas, infinitos tratamentos de beleza, medicamentos, etc. que com o passar dos anos aumentam cada vez mais em número e “qualidade”. O mais alarmante em relação a isso tudo é que não se vê, ou pelo menos é pouquíssima a preocupação com a saúde, com o bem-estar, pois não se sabe ao certo o que o uso dessas tantas formas de “satisfação” pessoal pode causar em longo prazo. O autor de “A ditadura da beleza e a revolução das mulheres” Augusto Cury durante seu discurso sobre o tema, fala que:
“O objetivo da ditadura da beleza é promover inconscientemente a insatisfação, e não a satisfação. Pois uma pessoa satisfeita, bem-humorada, feliz, tranquila, não é consumista, consome de maneira inteligente, não precisa viver a paranóia de trocar continuamente de celular, de carro, de roupas, de sapatos. Todavia, pessoas insatisfeitas projetam sua insatisfação no ter. Consomem cada vez mais, porém sentem cada vez menos.” 
O hábito de cuidar da beleza e a preocupação com a aparência é normal e essencial, no entanto é importante que isso não se transforme em motivação de vida, pois o principal motivo para essa imposição de estereótipos é aumentar a venda da indústria da moda, cosméticos, remédios para emagrecer, aparelhos de estética, entre outros. Isso mostra que não é uma simples base de beleza que ela apresenta, ela mostra caminhos para ser belo também, isso claro tem um valor comercial. Por isso, vemos que a mídia tem um papel fundamental nessa “ditadura da beleza”, para que as pessoas continuem vaidosas e se baseiem na beleza “midiática”.


   
Beleza em diferentes períodos

ANTIGUIDADE
A beleza, até o século VI a.C um conceito subjetivo e abstrato, ganhou uma percepção lógica com o filósofo grego Pitágoras. Ele aplicou a matemática ao conceito de belo e preconizou que um corpo e um rosto bonito deveriam ser simétricos e proporcionais. O parâmetro serviu de referência para pintores e escultores, que passaram a perseguir esses ideais. Ao olhar uma figura bela na Antiguidade, tinha-se a impressão de ordem, harmonia e de medidas exatas. Muito comuns eram o nariz desenhado, o perfil perfeito e os cabelos ondulados. Alguns exemplos de obras: escultura de Apolo no templo de Delfo e a escultura Fauno Barberine (200 a.C).


IDADE MÉDIA
Não há preocupação com a beleza física. Ela é entendida apenas como consequência de uma boa alma e de comportamento devoto. Isso sim poderia transparecer na fisionomia, resultando em um rosto angelical, puro e cheio de piedade, ou seja, belo para a época, como explica Marcus Vinícius de Morais, mestre em História Cultural pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas -SP). “Bocas muito pequenas e lábios finos simbolizavam fragilidade e ausência de desejos carnais, por isso, eram valorizados”, comenta o cirurgião plástico Maurício de Maio. Em relação ao corpo, o bonito era o biótipo longilíneo (e não mais necessariamente proporcional), ombros estreitos e levemente caídos, seios pequenos e o ventre proeminente. Exemplos de obras: Madonna da Humildade, de Masolino, Judith e Venus, de Lucas Cranach.


 
RENASCIMENTO
A exata medida volta à tona como ideal de beleza. Desta vez, é retomada por Leonardo da Vinci, que estuda profundamente a anatomia e a aplica em suas obras. Seu mestre inspirador foi o romano Marcos Vitrúvio, que viveu no século I a.C e elaborou a teoria do Homem Vitruviano, que demonstra a sequência desejada de proporções do corpo e do rosto humanos. A escultura David, de Michelangelo, é um exemplo deste aspecto do período. Porém, diferentemente da Antiguidade, ao observar uma obra renascentista, é impossível não notar a forte presença de realidade no retratar os corpos, em especial, os femininos. “No Renascimento, há a soma dos critérios de proporcionalidade do período clássico ao advento do naturalismo: os corpos são roliços, os ombros largos, o busto proeminente e os quadris amplos e arredondados”, comenta a professora de arte Heloísa Dallari. Nesse contexto, celulites, gordura localizada, pneuzinhos e ondulações no corpo eram retratadas mais como sinais de volúpia e nobreza, já que a ostentação alimentícia não era para todos. Ser gordo, encorpado, ter braços roliços, hoje considerados motivos de vergonha, eram indícios de status social. É possível observar esses traços nas obras Hélène Fourment como Afrodite, de Peter Paul Rubens, e As três Graças, de Rubens.
 
BARROCO E MANEIRISMO
Inquietação, subjetividade e mais espontaneidade são elementos associados ao conceito de beleza. Esses dois movimentos rompem com os parâmetros clássicos, ainda fortes no Renascimento, para propor ideias mais particulares e menos estagnadas do que é belo. “A beleza não é uma qualidade das próprias coisas; existe apenas no espírito de quem as contempla e cada um percebe uma beleza diversa”, define David Hume, filósofo e historiador escocês. Agora, para ser bonito, não basta ter proporção e simetria, é preciso também possuir graça e formosura, dois conceitos menos concretos e palpáveis, que abraçam também elementos como espiritualidade, o fantástico e as emoções. A complexidade é valorizada e há um refinamento evidente nas obras. Exemplos: Melancolia I, de Albrecht Dürer, e Retrato de Madame Récamier, de Jacques-Louis David.


ROMANTISMO
Funde características aparentemente contraditórias: ingênuo e fatal, selvagem e sofisticado, harmonioso e assimétrico. A mistura desses contrapontos resulta no conceito do belo intenso e emocional, muitas vezes pendendo para o mágico, o desconhecido e o caótico. Ser bonito pode incluir também o disforme, o exótico e o mórbido. Uma mulher atraente pode ser pálida e apresentar olheiras, ter lábios carnudos e avermelhados, ostentar uma cabeleira volumosa e indomável, orgulhar-se de veias aparentes. O aspecto saudável é óbvio demais para ser admirado, excessivamente sem mistério. Há uma intrigante noção perversa na estética. Obras: Aurélia, de Rossetti, Safo, de Charles- Auguste Mengin, e Ofélia, de John Everett Millais.




MODERNISMO
A ideia do ser perfeito se dilui, se distancia das referências tão trabalhadas nos períodos anteriores. “No expressionismo e no cubismo, a figura humana pode se deformar e até mesmo desaparecer, como na abstração”, observa Veronica Stigger, escritora e crítica de arte. A estética adquire forte aspecto geométrico, pode lançar mão da descontinuidade e da fragmentação, mas sobretudo, chama atenção pela provocação de corpos e rostos instigantes, mas, ainda assim, cheios de graça. Exemplos: Les demoiselles d’Avignon, de Pablo Picasso, e A negra, de Tarsila do Amaral.


CONTEMPORANEIDADE
A era Barbie, que persegue a juventude, a magreza e a alegria constante. “A beleza entra na ditadura da felicidade e passa a ser um instrumento para alcançá-la. É a senha para o sucesso profissional, o reconhecimento social e o entendimento amoroso”, opina Marcus Vinícius de Morais, da Unicamp. Como tudo, se transforma num objeto de consumo e pode ser adquirida com cosméticos, procedimentos estéticos ou cirurgias. A tecnologia avança no sentido de atender esta demanda social, nunca tão valorizada em nenhum outro período histórico. ©

 por: http://www.revistadacultura.com.br:8090/revista/rc25/index2.asp?page=beleza_tempo

Hoje em dia, muitas discussões e esclarecimentos sobre assunto tem sido feitos, alertando as pessoas sobre os riscos dessa busca excessiva pela “perfeição”. Perfeição essa, que não existe. As pessoas têm que se aceitar como são, e se quiserem “mudar”, que façam isso da maneira correta e com moderação. Afinal é como diz a frase “A beleza está nos olhos de quem a vê”. Seguem abaixo um poema do escritor Tiago Casanova e um clipe da música "Salão de Beleza" do compositor e cantor Zeca Baleiro, que trabalham essa temática.



Inacreditável o que te fazes passar
Desejando algo que nunca existiu.
Acreditas ser a única a poder mudar?
A beleza, o seu reflexo, nunca viu.

Não arrisques por fotos e capas
O teu corpo em doentias obsessões.
Para o belo, nunca houve mapas.
Para ti, há sempre soluções.

Não ligues ao que passa na TV...
Regras, padrões, tudo é superficial!
A verdadeira beleza nunca se vê.
A Terra é a mais bela, ao natural.

Ser gorda? Ser magra? Basta seres
Aquilo que um espelho não vê em ti.
Quanto mais tempo até perceberes?
És bela sem saberes...Sorri!




 

 Viva a Beleza da Imperfeição!

Dica de Livro: 
" A Ditadura da Beleza e a revolução das mulheres." Augusto Cury.


Augusto Cury retrata neste livro o cotidiano de mulheres que sofrem caladas as conseqüências de uma cruel realidade do mundo moderno - a ditadura da beleza. Apoiando-se em sua vasta experiência como psiquiatra e pesquisador, Cury dá um grito de alerta contra essa forma de opressão que vem deixando mulheres, adolescentes e até crianças tristes, frustradas e doentes. Influenciadas pela mídia e preocupadas em corresponder aos inatingíveis padrões de beleza que são apresentados, milhares de mulheres mutilam sua auto-estima - e, muitas vezes, seus corpos - em busca da aceitação social e do desejo de se tornarem iguais às modelos que brilham nas passarelas, na TV e nas capas de revistas. Ao tratar de um tema tão atual, este livro faz com que o leitor se identifique imediatamente com os personagens e sua luta por uma vida mais plena e feliz, em que cada pessoa se sinta livre para ser o que é, sem se envergonhar de sua aparência ou tentar ser igual a ninguém. Uma vida em que todas as pessoas descubram que a verdadeira beleza está dentro de nós.


POR: ALANA FIGUEIRÊDO, ANA CAROLINE, ALLISON, ANTONIO, CHARLENE, FILIPE, LUCAS, MAYK E TIAGO.

2 comentários:

  1. Há um certo preconceito contra livros de auto-ajuda, mas, pessoalmente, gosto do gênero, principalmente do Augusto Cury e da forma maravilhosa como ele aborda os temas(esse, eu ainda não li).

    Com relação ao tema, a busca pela beleza a todo custo é uma questão sempre atual, sempre tem algo sendo mostrado pelos veículos de comunicação. Esses dias foi o caso de uma mãe, nos EUA, que aplica botox na filha de 8 anos. Um absurdo sem tamanho! Essa semana oficiais do Serviço de Proteção à Criança decidiram afastar a filha da mãe enquanto investigam o caso. Uma manchete sobre o caso poderia ser: "Mãe perde a noção e a guarda da filha".

    ResponderExcluir
  2. Existe esse preconceito mesmo sobre os livros,tem gente que acha que todo mundo que le esse genero é depressivo,mas eu gosto bastante de Cury,só que esse não li.
    Como dizia o rei da sabedoria,Salomão:"vaidade das vaidades,tudo é vaidade".
    A verdade é que ninguem quer ser feio,todo mundo quer ser bonito mesmo.Mas acho que a beleza está intimamente ligada ao bem estar,eu por exemplo,tem dias que acordo barbie, e outro Maria Betania, o que vale é se sentir bem.E ja para o lado da beleza masculina,homem não precisa ser bonito não,só precisa ser charmoso e cheiroso,um bom perfume é essencial.

    ResponderExcluir